segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Only Happy When It Rains


Fim da graduação. E um tempo para pensar na vida. Debruçada na janela, sentindo o cheiro da possível chuva que se aproxima na então árida cidade, e ela divagou aos poucos, numa epifania quase Clariceana.

“Vivo minha vida balanceando trabalho e meus hobbies (não, não aqueles de seda! Meus livros, discos e filmes. Mas me peguei pensando: qual é marca que eu vou deixar no mundo? O que deixarei para as gerações futuras? “

Se tudo der certo, ainda vem por ai uma penca de artigos científicos e quiçá um livro (mas daqueles tipo os do Carl Sagan, falando de tudo um pouco). Mas e aí, e o resto?

Será que daqui a 100 anos as pessoas irão lembrar-se de mim? Por quê? Será que alguma piada infame vai durar tanto tempo? Ou a minha inocência e preocupação com a busca da felicidade geral da nação vai marcar a minha existência?

É impressionante o que o cheiro de chuva suscita.  Inúmeras lembranças de aniversários chuvosos no verão, de invernos úmidos no interior bebendo toda a groselha do mundo. A liberdade implícita no vento sublima meus pensamentos.

E surge um êxtase momentâneo, uma felicidade extrema que só aquelas pessoas com alma e coração de tormenta conhecem.

E o mistério desaparece, a vida fica mais fácil, as coisas mais gostosas.

Mas a primeira linha de chuva cai, molha os braços, os cabelos, embaça os óculos e corta a simplicidade dos pensamentos. A cortina balança e pede que a janela seja fechada. E relutante ela a fecha e a chuva leva embora a simplicidade das coisas.


Obs: Qualquer semelhança com é a realidade é pura coincidência. Ou não.

Um comentário:

  1. Chuva <3
    Garbage <3
    Sério que no seu círculo social ainda existem piadinhas infames com sua pessoa? Tenso.

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