Fim da graduação. E um tempo para pensar na vida. Debruçada
na janela, sentindo o cheiro da possível chuva que se aproxima na então árida
cidade, e ela divagou aos poucos, numa epifania quase Clariceana.
“Vivo minha vida balanceando trabalho e meus hobbies (não,
não aqueles de seda! Meus livros, discos e filmes. Mas me peguei pensando: qual
é marca que eu vou deixar no mundo? O que deixarei para as gerações futuras? “
Se tudo der certo, ainda vem por ai uma penca de artigos científicos
e quiçá um livro (mas daqueles tipo os do Carl Sagan, falando de tudo um
pouco). Mas e aí, e o resto?
Será que daqui a 100 anos as pessoas irão lembrar-se de mim?
Por quê? Será que alguma piada infame vai durar tanto tempo? Ou a minha inocência
e preocupação com a busca da felicidade geral da nação vai marcar a minha existência?
É impressionante o que o cheiro de chuva suscita. Inúmeras lembranças de aniversários chuvosos
no verão, de invernos úmidos no interior bebendo toda a groselha do mundo. A
liberdade implícita no vento sublima meus pensamentos.
E surge um êxtase momentâneo, uma felicidade extrema que só
aquelas pessoas com alma e coração de tormenta conhecem.
E o mistério desaparece, a vida fica mais fácil, as coisas
mais gostosas.
Mas a primeira linha de chuva cai, molha os braços, os
cabelos, embaça os óculos e corta a simplicidade dos pensamentos. A cortina
balança e pede que a janela seja fechada. E relutante ela a fecha e a chuva
leva embora a simplicidade das coisas.
Obs: Qualquer semelhança com é a realidade é pura coincidência.
Ou não.
Chuva <3
ResponderExcluirGarbage <3
Sério que no seu círculo social ainda existem piadinhas infames com sua pessoa? Tenso.