sábado, 29 de outubro de 2011

Medo da Chuva


Olha, eu jurei que não ia mais fazer as mesmas coisas. Que não ia pisar nos mesmos passos e nem tropeçar nas mesmas pedras. Depois de tantas vezes era o que se esperaria. Prometi que não usaria as mesmas palavras e nem atiraria as mesmas ofensas over and over again.

Só porque começou diferente não significa que vai terminar diferente...no meu caso, é quase determinístico: não sei lidar com certas coisas. Não sei ceder.  Não sei mudar o meu jeito de me relacionar com os outros.
Em relação a mim mesma, mudar é fácil. É cíclico. 

Minha relação com pessoas não é muito diferente.  Me apego e desapego fácil. Assim como num estalar de dedos. Quando gosto, é quase uma overdose, não largo. Mas passa, assim como veio, vai embora.

Mas não foi sempre assim, não. Já importei mais com isso. Só mudei porque percebi que a maioria das pessoas não se importa...a confiança não permeia mais as relações humanas em nenhuma esfera possível.
E depois de tantas decepções  passei a ser aquela que tem sempre um pé atrás, que dorme com um olho aberto e racionaliza qualquer demonstração de afeto. Me tornei aquela que não mede palavras, fala tudo o tempo todo, que perde o amigo mas não perde a piada. 

Todas as pessoas que passaram por minha vida deixaram marcas. A maior parte cicatrizes. Mas tenho orgulho que cada uma dessas cicatrizes. Elas contam minha historia e mostram aos que ousam entrar por onde andei e quem encontrei...minha vida é um livro aberto no presente, em branco no diz respeito ao futuro e fechado a sete chaves em relação ao passado.

Para os que tentam e tentarão me mudar: cuidado. Já não tenho a mesma sensibilidade e as coisas não me ferem mais!

Já dizia Raul (cantada mais recentemente pela Isabella Tavaiani):
Eu perdi o meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar. 

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?

Então fica resolvido: eu vou sempre discordar. Vou ser sempre do contra. Vou sempre questionar. Mas eu sempre entro e sai de casa de alma limpa e despida de preconceitos.

Eu sempre estarei indo e você vindo, mas provavelmente não vamos nos encontrar no meio do caminho: a minha urgência em chegar em algum lugar não me permite. Não trocaremos um olá seco e um olhar profundo. Talvez só uma imagem no retrovisor. E isso me basta. Pois não quebra o encantamento. Só a intimidade quebra. E ela é para poucos que entendem que eu sempre vou discordar, eu sempre vou ser do contra. O lado oposto da moeda que ninguém sabe qual é quando é lançada ao ar em um jogo de cara ou coroa probabilístico.

E a cada três ou quatro anos eu vou querer mudar tudo: jogar tudo para o alto. Roupas. Cabelo. Personalidade. Amigos. Vou querer acordar um dia numa realidade diferente. Criar uma nova rotina. Andar do outro lado da rua, com o Ipod no modo aleatório. E minha musica favorita irá tocar de repente. E eu irei encontrar pessoas incríveis de repente.

Mas não pense, meu caro, que isso é uma inconsistência da parte. Não. Não é. É apenas o oposto disfarçado. É na mudança que reside a minha constância:

"Eu não sou promiscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro." C. Lispector