Olha, eu jurei que não ia mais fazer as mesmas coisas. Que não
ia pisar nos mesmos passos e nem tropeçar nas mesmas pedras. Depois de tantas
vezes era o que se esperaria. Prometi que não usaria as mesmas palavras e nem
atiraria as mesmas ofensas over and over again.
Só porque começou diferente não significa que vai terminar
diferente...no meu caso, é quase determinístico: não sei lidar com certas
coisas. Não sei ceder. Não sei mudar o
meu jeito de me relacionar com os outros.
Em relação a mim mesma, mudar é fácil. É cíclico.
Minha relação com pessoas não é muito diferente. Me apego e desapego fácil. Assim como num
estalar de dedos. Quando gosto, é quase uma overdose, não largo. Mas passa,
assim como veio, vai embora.
Mas não foi sempre assim, não. Já importei mais com isso. Só
mudei porque percebi que a maioria das pessoas não se importa...a confiança não
permeia mais as relações humanas em nenhuma esfera possível.
E depois de tantas decepções
passei a ser aquela que tem sempre um pé atrás, que dorme com um olho
aberto e racionaliza qualquer demonstração de afeto. Me tornei aquela que não
mede palavras, fala tudo o tempo todo, que perde o amigo mas não perde a piada.
Todas as pessoas que passaram por minha vida deixaram marcas.
A maior parte cicatrizes. Mas tenho orgulho que cada uma dessas cicatrizes.
Elas contam minha historia e mostram aos que ousam entrar por onde andei e quem
encontrei...minha vida é um livro aberto no presente, em branco no diz respeito
ao futuro e fechado a sete chaves em relação ao passado.
Para os que tentam e tentarão me mudar: cuidado. Já não
tenho a mesma sensibilidade e as coisas não me ferem mais!
Já dizia Raul (cantada mais recentemente pela Isabella
Tavaiani):
Eu perdi o meu medo da chuva
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar.
Pois a chuva voltando pra terra
Traz coisas do ar
Aprendi o segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar.