domingo, 2 de setembro de 2012

Green Eyes


Parte I
“Algumas pessoas sorriem com os olhos”, ela pensava. “Que lindo”.  Ela não. Tinha olhos tristes. Sempre. Daqueles que espantam. Extremamente verdes. Com os cantinhos caídos, como se estivessem segurando a primeira gota de uma tempestade. E ela sabia. Ela sabia que seus olhos não escondiam as noites mal dormidas, os amores perdidos, as escolhas questionáveis. Seus olhos falavam o que não escapava pela boca. E ela gostava. Ou melhor, amava a transparência desses seus órgãos. Não apenas enxergavam, seus olhos gritavam. Nem o seu sorriso de canto de boca tocava tanto. Nem as suas palavras difíceis e bonitas encantavam tanto.

Parte II
Eu me encantei por ela. Desfaleci-me. Meu corpo tremia. Era ela. Perfeita. Com olhos de tormenta. Verdes. Verdes como a grama. Não. Verdes como eu nunca havia visto. Como ela era mágica, desconhecida. Onde morava essa moça que eu jamais pude encontrar? Qual a sua história. Seus olhos gritavam uma tristeza sem fim. Quem seria a causa dos seus olhos tristes? Será que um dia eles seriam capazes de sorrir?

Parte III
“Hey, telefone para você!” ouviu ela enquanto se afastava do espelho, sem entender o que havia se passado.